quarta-feira, junho 30, 2004

Você sabe...

Você sabe que seu país está vivendo em uma pasmaceira política quando percebe que está mais interessado nas eleições de outro país.

Sério, muito mais divertido ver a disputa Bush x Kerry (com a excelente participação de Michael Moore) do que a palhaçada do salário mínimo no Senado, a disputa Cesar Maia x Marcelo Crivella x Conde, os governadores-diminutivos no RJ e as peladas e trapalhadas do Governo Lula.

A cena política brasileira tá precisando urgentemente de um pouco de gás. Atualmente tá dando sono ler a editoria de política dos jornais...

quarta-feira, junho 23, 2004

O artigo do Élio

Artigo do Élio

Excelente o artigo de hoje do Elio Gaspari.
Até o título é bom: "Com Brizola, acaba-se o século XX"

terça-feira, junho 22, 2004

A Novidade

Eu adoro o modo como tudo se repete. Adoro como tudo é cíclico. Como as pessoas teimam em parecer com seus pais, os avós etc.

Eu acho lindo ver as pessoas criticando os games. Dizendo que são violentos, que fazem mal ao jovem, até que são coisas do demônio. E acho ainda mais lindo saber que já disseram o mesmo da tevê, das hqs, do cinema e da literatura.

É uma beleza ver as pessoas dizendo o quanto a internet é desagregadora, isola as pessoas do convívio social, faz mal a mente entre outras cositas. Ainda mais quando a gente sabe que já falaram o mesmo do telefone, do cinema e até da escrita (afinal, antes as pessoas se reuniam pra conversar, tendo a escrita, pra que se reunir?), não é?

Sinto tanto orgulho quando falam que o Rap e a música eletrônica são malvados. Porque são más influências para os jovens, os transformam em drogados, os levam para criminalidade, destroem famílias, os fazem se embebedar e praticar sexo promíscuo. Exatamente as mesmas palavras que já usaram contra o rock, o jazz, o samba e qualquer outro ritmo popular que você imaginar.

É belo ver como as pessoas temem o vindouro. Como elas procuram se proteger contra tudo que é diferente. Tudo q eu foge ao que elas já conhecem.

E é ainda mais belo ver que não adianta nada toda essa resistência. O futuro sempre chega. As pessoas passam, morrem, mas o novo sempre vem. Por mais que lutem contra, ele sempre vem.

Então você tem duas opções: pode perder o trem da história e se tornar um ser anacrônico que começa toda frase com “no meu tempo” ou embarcar de cabeça no vindouro. Mas não passivamente, ativamente! Tentando construir um futuro melhor, mas sem teme-lo.

Agora...

Resistir é inútil.

"A frente do seu tempo"

Não acredito nessa história de "fulano é um homem a frente do seu tempo".

Ninguém está a frente do seu tempo. Todo mundo é fruto do tempo em que vive.

O que muda é que alguns interpretam a época em que vivem de uma forma diferente da maioria das pessoas.

domingo, junho 20, 2004

Eu odeio Chico Buarque

Ontem o Chico Buarque completou 60 anos e eu o odeio.

Eu odeio Chico Buarque porque ele é tudo que eu não sou e nunca poderei ser. E ainda faz questão de jogar isso na minha cara todo dia.

Odeio porque ele diz tudo que eu queria dizer, mas nunca conseguiria dizer da forma que ele diz. Aliás, ele diz tudo o que todo mundo queria dizer. Diz até o que a gente nem sabia que no fundo queria dizer.

Odeio porque ele entende as mulheres como ninguém. E elas o adoram como ninguém.

Odeio porque sendo filho de um gênio, ele poderia muito bem se tornar um conformado, um medíocre e passar o resto da vida vivendo sob a sombra do pai. Mas, não, ele acabou se tornando outro gênio. Independente do pai.

Odeio porque ele parece saber a letra secreta de toda música. Odeio porque ele sabe como ninguém usar as palavras. Ele sabe o peso, o som e o valor de todas. De todas.

Odeio porque ele é o maior compositor do Brasil. E não sossega em ser apenas isso. Faz peça, filme, escreve livros, joga futebol.

Odeio o Chico Buarque porque ele é tão genial que eu não consigo pensar em uma homenagem a sua altura.

terça-feira, junho 15, 2004

Parabéns!

Porque hoje é meu aniversário!

sábado, junho 12, 2004

3 histórias pro dia dos namorados

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.

Como isso não é um poema do Drummond, todos terminaram (miraculosamente) felizes para sempre.

E nenhum J. Pinto Fernandes precisou entrar na história.

*****

Na primeira vez que ele viu a menina ruiva seu coração palpitou e suas pernas bambearam. Ela estava entrando no colégio perto de sua casa. Ele ficou apenas olhando, paralisado. Ela nem reparou.

Na segunda vez que ele viu a menina ruiva sua boca secou e suas mãos suavam frio. Ela estava sentada ao seu lado no ônibus. Ele tinha tanto para dizer, mas ela desceu no ponto seguinte.

Na terceira vez que ele viu a menina ruiva sua mão estava firme e seus olhos fixos. Ela saía da escola. Ele ia dizer tudo, falar do seu amor, dos planos para o futuro, mas a chuva começou a cair e todos – inclusive ela – saíram correndo.

Na quarta vez que ele viu a menina ruiva seus olhos se encheram d’água e seu coração se despedaçou. Ela beijava outro rapaz. Ele ficou apenas olhando, paralisado. Ela nem reparou.

Ele ainda viu a menina ruiva dezenas de vezes, mas não era mais aquela menina ruiva. As coisas mudaram.

*****

Então, com a voz embargada e tendo o mais belo pôr-do-sol do ano como pano de fundo, ele disse:
- Te amo mais do que bis sabor laranja.

quinta-feira, junho 10, 2004

Presente

Tá, quem vai me dar isso de aniversário?

Discípulos de Frota

Primeiro Alexandre Frota, agora Rita Cadillac...

Acho que vou fazer um bolão pra ver quem acerta qual vai ser a próxima ex-quase-celebridade-pseudo-artista a fazer um filme pornô.

Todo fim é trágico.

(Porque eu sempre quis fazer um post de uma só frase)

segunda-feira, junho 07, 2004

Shyness is nice

http://www.laboratoriodatimidez.com.br/index2.php

Teste de timidez.

Numa escala de 0 a 100 tirei 90.

É, eu sou doente.

domingo, junho 06, 2004

Comédias em DVD

Dia desses deve sair o DVD com episódios da Comédia da Vida Privada.

Finalmente vou comprar um dvd da Globo.

Fini.

Tudo acaba.

Tudo um dia chega ao fim.

Você pode chamar o fim do que quiser: término, morte, destruição, vazio, entropia.

O fato é que acontece.
Tudo desaparece. Tudo se torna apenas poeira.

E em um momento até essa poeira deixará de existir.

Esse fim pode ser repentino, como aquela sua loja de sucos favorita que fecha da noite pro dia.

Ou pode ser lento, longo e doloroso, como o amor que vai morrendo aos poucos até não restar nem a memória dele.

Na maioria das vezes o importante é saber quando algo chegou ao fim. Quando é o momento de deixar que se vá. Quando deixar que ele se liberte e suma.

Quando dizer adeus e seguir adiante.


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Droga...

'Eu não devia te dizer, mas essa lua, mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo'!

sábado, junho 05, 2004

Dos "sim"

Sim, eu acredito em algo chamado amor. E acho que ele é tudo que nós precisamos.

Sim, eu já acreditei em 'ismos'. Comunismo, socialismo, anarquismo, quem sabe até um novo capitalismo. Hoje só acredito nisso aí da frase de cima.

Sim, eu acho que o socialismo morreu junto com a União Soviética. E acho que ele deveria ter morrido antes.

Sim, eu acho que é bom às vezes se perder sem ter porque, sem ter razão. E que é um dom saber mudar de tom.

Sm, eu votei no Lula. E apesar de não estar gostando do governo, não me arrependo.

Sim, eu sou muito tímido. Eu morro de medo de ser o centro, prefiro me esgueirar pelos cantos.

Sim, eu tenho poucos amigos. Mas gosto demais de todos eles.

Sim, eu acho a literatura a maior forma de arte criada pela humanidade.

Sim, Lolita é o livro mais bem escrito. E Cem Anos de Solidão o mais emocionante.

Eu já escrevi sim um poema, mas apenas uma pessoa viu. E vai continuar assim.

E sim! Eu acho que é importante ter mais sim do que não.

Dos "não"

Eu não confio em quem diz "só me arrependo do que não fiz." Me recuso a acreditar que sou o único assombrado pelos erros que cometi.

Eu não acredito em soluções milagrosas e instantâneas.

Eu não acredito mais em utopias.

Eu não gosto de pessoas que não mudam de idéia. Que se prendem a uma verdade e não largam dela nunca, mesmo quando já é óbvio que essa verdade não existe.

Eu não sei qual é o sentido da vida e nem quero saber. A pergunta é mais interessante do que a resposta.

Eu não sou um bom juiz de caráter.

Eu não consigo gostar de música instrumental. A não ser que seja Clássica, e ainda assim mais por respeito aos compositores.

Eu não sei tocar nenhum instrumento musical.

Eu não terminei de ler Os Sertões. Acho a primeira parte desse livro a coisa mais chata já posta em papel. Tá, talvez só perca pra Iracema.

Não, eu nunca escrevi uma letra de música.

Escrever é...

Escrever é ter foco. Mais importante do que cortar palavras, ou evitar adjetivos é conseguir manter o foco. Não se perder no turbilhão de assuntos que surgem a todo instante e acabar não comentando nada ao tentar comentar tudo. Como se centrar em apenas um ponto com tanta coisa acontecendo? Silvio Tendler finalmente lançando seu filme sobre Glauber Rocha, o dicionário Aurélio mudando de editora, Rock in Rio Lisboa, a geração dos filhos-cantores, uma nova geração de cineastas surgindo e assim por diante.

Não, esquece o que eu disse.

Escrever é ser original. Como escrever sobre a entrega do Oscar sem cair no óbvio de dizer que é uma festa feita pela indústria cinematográfica norte-americana para celebrar a indústria cinematográfica norte-americana? E não prosseguir dizendo que devemos evitar essa postura ufanista, que cinema não é futebol e Oscar não é copa do mundo, que ter conseguido quatro indicações já foi ótimo e isso vai dar mais visibilidade para o cinema nacional?

Não, apaga o que eu escrevi.

Escrever é saber desenvolver o assunto. É conseguir discorrer, por exemplo, sobre a revalorização do samba por músicos contemporâneos como Los Hermanos e Marcelo D2, que tratam o samba não como um componente exótico ou pitoresco, mas como uma influência básica e fundamental pra qualquer um que seja brasileiro, sem que o texto fique muito curto e superficial, mas também sem deixá-lo muito longo e pernóstico. É encontrar o meio termo, levar uma informação que possua profundidade, mas que se mantenha ao mesmo tempo leve, divertida e agradável.

Não, nada disso.

Importante mesmo é o seguinte: nunca escrever sobre escrever. Demonstra falta de originalidade do autor, preguiça na hora de escrever a coluna e, além disso, é chato, pedante e pretensioso. Textos metalingüísticos estão em baixa, os leitores não gostam.

quarta-feira, junho 02, 2004

an.gús.tia

s. f. 1. Espaço reduzido; estreiteza. 2. Carência, falta. 3. Estado de grande inquietude que parece apertar o coração. 4. Med. Estenose. 5. Aflição, sofrimento.