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No princípio criou Deus o céu e a terra. Depois Deus disse "que haja luz"; e houve luz. Em seguida separou a luz da escuridão, criando o dia e a noite. Separou as águas, criando os mares e a terra. Criou o sol e as estrelas e por fim criou vida. Primeiro a vegetal, depois a animal e por fim um ser criado a sua imagem e semelhança: o homem. A esse homem Deus deu o nome Adão.
Essa história todos conhecem. O que alguns não sabem é que uma das funções de Adão - além de servir de parte de Eva, crescer e multiplicar - era nomear os animais. Adão caminhava pelo Jardim do Éden, via um bicho meio amarelo, com pescoço comprido e dizia "seu nome é girafa" e seu nome era girafa. Foi assim com o pato, cachorro, gato, carcaju, lhama, avestruz e ornitorrinco. Esse uma prova do senso de humor não só dele como de Deus.
O que muitas pessoas não sabem é que o primeiro homem não deu nome apenas os animais. Nem apenas as plantas ou os minerais. Adão nomeou tudo. Absolutamente tudo que existiu, existe e existirá foi nomeado por Adão. Inclusive você e eu. Computador, geladeira, enfisema, MP3, psicanálise, All Star, bomba nuclear, granizo, microondas. Todos batizados por Adão. Quando um inventor nomeia seu invento, quando uma mãe escolhe o nome de seu filho ou mesmo quando um astrônomo batiza um novo corpo celeste, estão apenas repetindo as palavras ditas por Adão incontáveis anos atrás. Todos os nomes são de Adão, mesmo o de objetos, sentimentos e lugares que ele nem sabia que um dia existiriam.
O que quase ninguém sabe é que um dia ele errou. Muitos não se importam. Pensam, é só um nome. Não sabem a importância que os nomes têm. Não percebem que no nome está também a definição do objeto. Está o que ele é e para o que ele serve. "O que chamamos rosa, com outro nome não teria igual perfume?", perguntou Julieta. Não, não teria igual, respondo eu. Uma rosa tem o perfume de uma rosa por se chamar rosa. O nome é a essência. Adão sabia disso. Por isso escolheu o nome certo para todas as coisas que existem e que vão existir no mundo. Mas um dia ele errou. Talvez por estar cansado, talvez por já estar pensando em provar do fruto da árvore do bem e do mal ou talvez por achar aquilo tão pequeno e sem importância.
(Ta, como diabos eu continuo isso?!)