É por essas e outras que eu adoro o Suplicy.
"Pá! Pá! Pá!"
quinta-feira, maio 10, 2007
segunda-feira, maio 07, 2007
O Fundo do Poço
Todo mundo sabe que o fundo do poço de um blog é quando o dono começa a postar esses testes ridículos. Bem, aqui vão dois.
Façam também!
*****
Façam também!
You Are 22 Years Old |
Under 12: You are a kid at heart. You still have an optimistic life view - and you look at the world with awe. 13-19: You are a teenager at heart. You question authority and are still trying to find your place in this world. 20-29: You are a twentysomething at heart. You feel excited about what's to come... love, work, and new experiences. 30-39: You are a thirtysomething at heart. You've had a taste of success and true love, but you want more! 40+: You are a mature adult. You've been through most of the ups and downs of life already. Now you get to sit back and relax. |
*****
You Are 50% Left Brained, 50% Right Brained |
The left side of your brain controls verbal ability, attention to detail, and reasoning. Left brained people are good at communication and persuading others. If you're left brained, you are likely good at math and logic. Your left brain prefers dogs, reading, and quiet. The right side of your brain is all about creativity and flexibility. Daring and intuitive, right brained people see the world in their unique way. If you're right brained, you likely have a talent for creative writing and art. Your right brain prefers day dreaming, philosophy, and sports. |
sábado, maio 05, 2007
Fala-na-língua-do-rap
O YouTube não me ama. Tentei postar de lá, mas não consegui...
Então, vai o link mesmo. Por favor, vejam o Suplicy declamando uma música dos Racionais MCs.
Pá! Pá! Pá!
Então, vai o link mesmo. Por favor, vejam o Suplicy declamando uma música dos Racionais MCs.
Pá! Pá! Pá!
Segredos e Mistérios
Existem segredos e mistérios.
Segredos existem em si. Depois que você os revela, deixam de existir. O que é um segredo quando é descoberto?
Mistérios, não. Um mistério é um caminho. Ele é um caminho que quanto mais tortuoso melhor. Um caminho até a resposta. Quando você oferece um mistério a alguém, precisa no fim recompensa-la com a resposta.
Um segredo, não. No momento em que você conta o segredo a alguém, ela não mais se importa. Ele não é mais um segredo, não é mais importante, não é mais nada.
Segredos devem ser preservados.
Segredos existem em si. Depois que você os revela, deixam de existir. O que é um segredo quando é descoberto?
Mistérios, não. Um mistério é um caminho. Ele é um caminho que quanto mais tortuoso melhor. Um caminho até a resposta. Quando você oferece um mistério a alguém, precisa no fim recompensa-la com a resposta.
Um segredo, não. No momento em que você conta o segredo a alguém, ela não mais se importa. Ele não é mais um segredo, não é mais importante, não é mais nada.
Segredos devem ser preservados.
terça-feira, abril 24, 2007
História Noir
Eu tenho uma idéia pra uma história noir que começaria assim:
No momento em que vi o cigarro branco em seus lábios vermelhos, sabia que estava perdido. Ela se aproximou e disse:
- Tem fogo?
Puxei meu isqueiro, acendi seu cigarro e me condenei.
E terminaria assim
Então ela me matou pela terceira vez. Minha vida não passou pelos meus olhos. Enquanto perdia os sentido só via o cigarro branco em seus lábios vermelhos.
Não reclamem do clichê! É história noir, pô!
Agora só faltam as outras milhares de frases no meio.
No momento em que vi o cigarro branco em seus lábios vermelhos, sabia que estava perdido. Ela se aproximou e disse:
- Tem fogo?
Puxei meu isqueiro, acendi seu cigarro e me condenei.
E terminaria assim
Então ela me matou pela terceira vez. Minha vida não passou pelos meus olhos. Enquanto perdia os sentido só via o cigarro branco em seus lábios vermelhos.
Não reclamem do clichê! É história noir, pô!
Agora só faltam as outras milhares de frases no meio.
quarta-feira, abril 04, 2007
domingo, abril 01, 2007
300 ou "Noffa!"
Todo mundo já sabe que 300, dirigido por Zack Snyder, é baseado na mini-série em quadrinhos escrita e ilustrada por Frank Miller. Todo mundo sabe também que todos os cenários do filme são virtuais e que ele foi feito pra ter uma estética parecida com a história em quadrinhos. Então nem vou comentar isso.
O fato é que Frank Miller, que eu adoro, escreve quase sempre a MESMA história: um cara durão, reacionário e fascista que é machão, fortão e misógino que não tem tempo pra essas frescuras de sentimentos. Sempre é assim. Seu Batman é assim, seus personagens em Sin City são assim. Quando Miller leu sobre o povo espartano, deve ter entrado em êxtase! Toda uma nação que era exatamente como seus personagens principais!
Não me entenda mal, eu adoro a HQ, mas eu sei o que ela é. Os 300 de Esparta (tradução da Abril) é a história de um povo que nasceu pra combater, de uma frieza e brutalidade impressionantes. Não são lutadores da liberdade, não são bonzinhos. É um povo que mata crianças que nasceram fracas ou com alguma deformidade, que não tolera fraqueza ou sentimentalismo. Não é o bem contra o mal. É uma luta de culturas.
A HQ está longe da correção histórica ou política. O filme vai ainda mais longe. Então, se você se importa demais com a História, nem vá ao cinema. O filme trata os persas quase como monstros. O exercito persa é cheio de aberrações, monstros, eles são tratados como degenerados, pervertidos e, claro, os escravizadores na luta contra os espartanos defensores da liberdade e da democracia. Na vida real as coisas não são bem assim. Tanto Xerxes como Darius (seu pai) são tidos como alguns dos melhores imperados já vistos, o Império Persa primava pelo trabalho assalariado e, lógico, os persas não eram monstros.
Tá, depois disso tudo você deve achar que eu odiei o filme, não é? Não! Eu achei o filme muito divertido. Esqueça que se trata de uma história baseada em fatos reais e se divirta. É um filme muito bonito visualmente, tem cenas que são idênticas à revista, mas ainda assim não soam forçadas. As cenas de luta são impressionantes! Aliás, o filme é cheio dessas cenas impressionantes. Aquelas cenas que se fôssemos americanos levantaríamos da cadeira e gritariamos "Fuck yeah!"
Apesar de incrível, o mais impressionante do filme não é o visual, e sim em COMO é gay. Meu Deus, esse deve ser o filme mais gay dos últimos anos. O homoerotismo está presente em doses altíssimas. Desde o obviamente afrescalhado Rei Xerxes do Rodrigo Santoro até... bem, até o figurino capa, capacete e sunga dos espartanos. Ver 300 é mais ou menos como ver uma luta de vale tudo: você fica o tempo inteiro com medo daquilo virar filme pornô. No momento em que Xerxes bota as mãos nos ombros de Leônidas a platéia inteira fez "hmmm".
Por falar em Xerxes, Rodrigo Santo fez um bom trabalho com o personagem, que convenhamos, é bem ridículo. E só não se tornou completamente ridículo justamente por conta do bom trabalho dele.
300 é isso. Um filme divertido, muito legal, empolgante, cheio de sangue e braços e pernas voando, mas vazio, bobo e até besta. Um ovo de chocolate: bonito e gostoso por fora e oco por dentro.
O fato é que Frank Miller, que eu adoro, escreve quase sempre a MESMA história: um cara durão, reacionário e fascista que é machão, fortão e misógino que não tem tempo pra essas frescuras de sentimentos. Sempre é assim. Seu Batman é assim, seus personagens em Sin City são assim. Quando Miller leu sobre o povo espartano, deve ter entrado em êxtase! Toda uma nação que era exatamente como seus personagens principais!
Não me entenda mal, eu adoro a HQ, mas eu sei o que ela é. Os 300 de Esparta (tradução da Abril) é a história de um povo que nasceu pra combater, de uma frieza e brutalidade impressionantes. Não são lutadores da liberdade, não são bonzinhos. É um povo que mata crianças que nasceram fracas ou com alguma deformidade, que não tolera fraqueza ou sentimentalismo. Não é o bem contra o mal. É uma luta de culturas.
A HQ está longe da correção histórica ou política. O filme vai ainda mais longe. Então, se você se importa demais com a História, nem vá ao cinema. O filme trata os persas quase como monstros. O exercito persa é cheio de aberrações, monstros, eles são tratados como degenerados, pervertidos e, claro, os escravizadores na luta contra os espartanos defensores da liberdade e da democracia. Na vida real as coisas não são bem assim. Tanto Xerxes como Darius (seu pai) são tidos como alguns dos melhores imperados já vistos, o Império Persa primava pelo trabalho assalariado e, lógico, os persas não eram monstros.
Tá, depois disso tudo você deve achar que eu odiei o filme, não é? Não! Eu achei o filme muito divertido. Esqueça que se trata de uma história baseada em fatos reais e se divirta. É um filme muito bonito visualmente, tem cenas que são idênticas à revista, mas ainda assim não soam forçadas. As cenas de luta são impressionantes! Aliás, o filme é cheio dessas cenas impressionantes. Aquelas cenas que se fôssemos americanos levantaríamos da cadeira e gritariamos "Fuck yeah!"
Apesar de incrível, o mais impressionante do filme não é o visual, e sim em COMO é gay. Meu Deus, esse deve ser o filme mais gay dos últimos anos. O homoerotismo está presente em doses altíssimas. Desde o obviamente afrescalhado Rei Xerxes do Rodrigo Santoro até... bem, até o figurino capa, capacete e sunga dos espartanos. Ver 300 é mais ou menos como ver uma luta de vale tudo: você fica o tempo inteiro com medo daquilo virar filme pornô. No momento em que Xerxes bota as mãos nos ombros de Leônidas a platéia inteira fez "hmmm".
Por falar em Xerxes, Rodrigo Santo fez um bom trabalho com o personagem, que convenhamos, é bem ridículo. E só não se tornou completamente ridículo justamente por conta do bom trabalho dele.
300 é isso. Um filme divertido, muito legal, empolgante, cheio de sangue e braços e pernas voando, mas vazio, bobo e até besta. Um ovo de chocolate: bonito e gostoso por fora e oco por dentro.
sábado, março 31, 2007
Metapostagem
No fim de 2006, pela primeira vez, eu fiz uma lista de resoluções de Ano Novo. Uma lista de tarefas, obrigações e realizações para 2007. Elas vão desde de coisas práticas como "escrever ao menos uma lauda por dia" até situações mais simbólicas e pessoais que eu não vou citar aqui.
Obviamente eu ainda não fiz NADA da minha lista. Ok, fiz uma coisa. Justamente a que me parecia mais impossível. Mas isso não dependeu de mim, foi obra do destino... Mas voltando ao assunto... Não cumpri minhas metas por que é isso que faço, é isso que nós fazemos (confessem, vocês também fazem isso). Já fiz isso várias vezes com esse blog: "agora vou escrever com frequência" e depois de dois posts largava mão. Mas isso vai mudar... E para isso conto com a ajuda de vocês, meus dois leitores.
***
A partir de hoje, 31 de março, esse blog vai ter pelo menos UM post novo por dia. Sim, todo dia vai ter post. Nem que seja post estilo diarinho ("hoje foi chato porque choveu demais") ou aquele tipo que comenta notícia de jornal ("gente, vocês tão vendo a crise da aviação brasileira?!") ou ainda os malditos posts comentando sitezinhos ("Vejam só que jogo maneiro nesse link aqui").
Sim, preparem-se! Ah, sim.. caso eu não poste algum dia, peço encarecidamente que entrem nos comentários e me xinguem. Por favor.
***
Aproveito pra contar que o blog terá meio que duas seções "fixas". São duas séries de posts que serão publicadas pelo menos uma vez por semana enquanto eu tiver idéias pra elas. Elas são:
"Culpados", uma série de posts sobre pessoas que de certa forma são responsáveis pelo que eu sou hoje. Serão artistas, amigos (sim, preparem-se pra serem ridicularizados aqui!) etc.
E a outra tem o nome provisório de "Auto-retratos fictícios", mas ainda não sei. Vou ver se penso num nome mais pretensioso (*insira o sinal de ironia aqui*). É basicamente minha chance de ficar criando personagens que têm opiniões diferentes da minha e não ter que pensar numa história pra encaixar isso.
***
Ah sim, claro que os posts "normais" continuam.
Por favor, conto com seus xingamentos.
***
Esse foi um anúncio Do Fundo.
Obviamente eu ainda não fiz NADA da minha lista. Ok, fiz uma coisa. Justamente a que me parecia mais impossível. Mas isso não dependeu de mim, foi obra do destino... Mas voltando ao assunto... Não cumpri minhas metas por que é isso que faço, é isso que nós fazemos (confessem, vocês também fazem isso). Já fiz isso várias vezes com esse blog: "agora vou escrever com frequência" e depois de dois posts largava mão. Mas isso vai mudar... E para isso conto com a ajuda de vocês, meus dois leitores.
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A partir de hoje, 31 de março, esse blog vai ter pelo menos UM post novo por dia. Sim, todo dia vai ter post. Nem que seja post estilo diarinho ("hoje foi chato porque choveu demais") ou aquele tipo que comenta notícia de jornal ("gente, vocês tão vendo a crise da aviação brasileira?!") ou ainda os malditos posts comentando sitezinhos ("Vejam só que jogo maneiro nesse link aqui").
Sim, preparem-se! Ah, sim.. caso eu não poste algum dia, peço encarecidamente que entrem nos comentários e me xinguem. Por favor.
***
Aproveito pra contar que o blog terá meio que duas seções "fixas". São duas séries de posts que serão publicadas pelo menos uma vez por semana enquanto eu tiver idéias pra elas. Elas são:
"Culpados", uma série de posts sobre pessoas que de certa forma são responsáveis pelo que eu sou hoje. Serão artistas, amigos (sim, preparem-se pra serem ridicularizados aqui!) etc.
E a outra tem o nome provisório de "Auto-retratos fictícios", mas ainda não sei. Vou ver se penso num nome mais pretensioso (*insira o sinal de ironia aqui*). É basicamente minha chance de ficar criando personagens que têm opiniões diferentes da minha e não ter que pensar numa história pra encaixar isso.
***
Ah sim, claro que os posts "normais" continuam.
Por favor, conto com seus xingamentos.
***
Esse foi um anúncio Do Fundo.
domingo, janeiro 14, 2007
Besteira
- Seja sábia.
Silvia sorriu. Será que somente Sandro saberia solucionar seus senões?
*********
"Agora basta", Cecília disse.
Então, Fagundes gelou. Havia, infelizmente, já ladrado muitos nãos. "Oras, por quê?", replicou soluçando. Tentou uma vez. Xi... Zerou.
Silvia sorriu. Será que somente Sandro saberia solucionar seus senões?
*********
"Agora basta", Cecília disse.
Então, Fagundes gelou. Havia, infelizmente, já ladrado muitos nãos. "Oras, por quê?", replicou soluçando. Tentou uma vez. Xi... Zerou.
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Sem surpresas
Era uma vez um jovem de 23 anos cuja vida se encontrava em uma encruzilhada. Percebeu que para seguir adiante precisava fazer algo que nunca tinha feito. Decidiu-se por uma tatuagem.
Pensou durante um bom tempo que imagem seria. Dragões, tribais, ideogramas, palavras em sânscrito ou hebraico não combinavam com ele. O rapaz tinha alguns interesses específicos, em particular cultura pop. Pensou em quadrinhos. Tatuar o símbolo da jaqueta de Jack Knight? Muito colorido. Talvez o "rosto" do Rorschach? Too creepy. Quem sabe Calvin e Haroldo num trenó? Muito infantil. Foi pra outro interesse: Cinema. Tatuar personagens, cenas de filmes? Muito complicado. Música? Nomes de bandas, logos. Idéia interessante, mas seu gosto por música mudava toda semana. Hoje adorava British Sea Power, mês que vem era muito mais Regina Spektor.
Sobrou uma última grande paixão: os livros. Na parte interna do braço esquerdo tatuou em letras grandes "Lo. Li. Ta." e embaixo, em letras menores colocou: "My sin. My soul." Gostou. Um tempo depois voltou e botou a primeira frase de Cem Anos de Solidão no braço direito. Ficou viciado.
Com o passar dos anos, tatuou de tudo. Um trecho de O Grande Gatsby, o final de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Não parou mais. O início de Mrs. Dalloway. A descrição que Cervantes fez do "cavaleiro da triste figura" em Dom Quixote de La Mancha. Num momento de tristeza tatuou no lado esquerdo do peito a inscrição que segundo A Divina Comédia se encontrava nos portões do Inferno. No pulso direito colocou um 42. Com o passar dos anos todos estavam lá. Pynchon, Pamuk, Shakespeare, Vargas Llosa, Flaubert, Veríssimo, Machado, Woolf, Proust, Dante, Moore, Gaiman, Fonseca. Seu corpo era uma lembrança de suas leituras. Era uma lembrança de sua vida.
Aos 50 anos, todo seu corpo estava tomado por palavras. Apenas seu rosto era uma página em branco. Aos 68 foi diagnosticado com uma doença muito grave. Resolveu que era a hora de encerrar seu "livro". Foi até um tatuador. Duas semanas morreu. Tinha estampada em sua testa sua mais recente e última tatuagem:
"Fim."
Pensou durante um bom tempo que imagem seria. Dragões, tribais, ideogramas, palavras em sânscrito ou hebraico não combinavam com ele. O rapaz tinha alguns interesses específicos, em particular cultura pop. Pensou em quadrinhos. Tatuar o símbolo da jaqueta de Jack Knight? Muito colorido. Talvez o "rosto" do Rorschach? Too creepy. Quem sabe Calvin e Haroldo num trenó? Muito infantil. Foi pra outro interesse: Cinema. Tatuar personagens, cenas de filmes? Muito complicado. Música? Nomes de bandas, logos. Idéia interessante, mas seu gosto por música mudava toda semana. Hoje adorava British Sea Power, mês que vem era muito mais Regina Spektor.
Sobrou uma última grande paixão: os livros. Na parte interna do braço esquerdo tatuou em letras grandes "Lo. Li. Ta." e embaixo, em letras menores colocou: "My sin. My soul." Gostou. Um tempo depois voltou e botou a primeira frase de Cem Anos de Solidão no braço direito. Ficou viciado.
Com o passar dos anos, tatuou de tudo. Um trecho de O Grande Gatsby, o final de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Não parou mais. O início de Mrs. Dalloway. A descrição que Cervantes fez do "cavaleiro da triste figura" em Dom Quixote de La Mancha. Num momento de tristeza tatuou no lado esquerdo do peito a inscrição que segundo A Divina Comédia se encontrava nos portões do Inferno. No pulso direito colocou um 42. Com o passar dos anos todos estavam lá. Pynchon, Pamuk, Shakespeare, Vargas Llosa, Flaubert, Veríssimo, Machado, Woolf, Proust, Dante, Moore, Gaiman, Fonseca. Seu corpo era uma lembrança de suas leituras. Era uma lembrança de sua vida.
Aos 50 anos, todo seu corpo estava tomado por palavras. Apenas seu rosto era uma página em branco. Aos 68 foi diagnosticado com uma doença muito grave. Resolveu que era a hora de encerrar seu "livro". Foi até um tatuador. Duas semanas morreu. Tinha estampada em sua testa sua mais recente e última tatuagem:
"Fim."
domingo, janeiro 07, 2007
É assim que funciona
Você é jovem
Até que não.
Você ama
Até que não.
Você tenta
Até não poder.
Você sorri
Até chorar.
Você chora
Até sorrir.
E todo mundo tem que respirar
Até seu último suspiro.
É assim que funciona.
Cortesia da Regina Spektor
Até que não.
Você ama
Até que não.
Você tenta
Até não poder.
Você sorri
Até chorar.
Você chora
Até sorrir.
E todo mundo tem que respirar
Até seu último suspiro.
É assim que funciona.
Cortesia da Regina Spektor
Rito e Método
Eu sou ritualista e metódico. Nunca pensei ser uma das duas coisas, mas sou.
Por isso eu vivo me explicando. Adoro me explicar. Passo horas e horas dando explicações. Acabo explicando pequenos trechos das explicações mesmo a pessoa não pedindo. Sou detestável. Mas faço isso porque preciso do desfecho. Preciso do "sim" ou do "não". Preciso da certeza que a pessoa entendeu tudo o que eu quis falar e eu preciso da certeza de que sim, ela entendeu. E que sim está tudo bem. Isso faz com que eu pareça um grande inseguro. O que eu não sou. Tudo bem, um pouco.
Ok, o que isso tem a ver com ritualismo?! Bem, pra mim o "então está tudo bem mesmo, né?! Você me entendeu?!" É um ritual. É um ritual de encerramento. Essa é a vantagem. No momento em que o último "tudo bem" foi dito, tudo se encerra. Eu não guardo mágoa, rancor, não guardo nada. Tudo se encerra no fim do ritual. No outro dia estou novo. Esse é meu método.
Isso me faz pensar no quanto eu acho que os ritos de passagem fazem falta para a humanidade. Fazem falta ao menos pra mim. Eles são símbolos que uma parte de sua vida se encerrou e outra está começando. Sem eles tudo fica meio nebuloso. Eu as vezes acho que a razão de até hoje me achar mais um menino do que um homem foi porque ninguém me deu apenas uma lança, me jogou sozinho na floresta e disse "se você sobreviver por cinco dias, é um adulto". Qual é o evento da vida moderna que nos diz claramente que somos homens? Nenhum. Por isso hoje somos meninos de mais de 20 anos jogando video-game e morando com a mãe.
Talvez aí esteja a explicação para o amadurecimento precoce das mulheres. Elas ainda têm um ritual: o baile de debutante. É um rito meio vazio e sem significado, mas é alguma coisa. Ainda é um "estou sendo apresentada a sociedade. Sou uma mulher".
Eu gosto de ritos, gosto de rituais, gosto do aspecto simbólico deles. Festas de casamento, despedidas de solteiro, velório, réveillon, missa de sétimo dia para os católicos. Todos esses pequenos momentos da vida em que esquecemos o dia a dia e nos dedicamos a simbolicamente celebrar ou sofrer para encerrar uma fase e iniciar outra.
Por isso eu vivo me explicando. Adoro me explicar. Passo horas e horas dando explicações. Acabo explicando pequenos trechos das explicações mesmo a pessoa não pedindo. Sou detestável. Mas faço isso porque preciso do desfecho. Preciso do "sim" ou do "não". Preciso da certeza que a pessoa entendeu tudo o que eu quis falar e eu preciso da certeza de que sim, ela entendeu. E que sim está tudo bem. Isso faz com que eu pareça um grande inseguro. O que eu não sou. Tudo bem, um pouco.
Ok, o que isso tem a ver com ritualismo?! Bem, pra mim o "então está tudo bem mesmo, né?! Você me entendeu?!" É um ritual. É um ritual de encerramento. Essa é a vantagem. No momento em que o último "tudo bem" foi dito, tudo se encerra. Eu não guardo mágoa, rancor, não guardo nada. Tudo se encerra no fim do ritual. No outro dia estou novo. Esse é meu método.
Isso me faz pensar no quanto eu acho que os ritos de passagem fazem falta para a humanidade. Fazem falta ao menos pra mim. Eles são símbolos que uma parte de sua vida se encerrou e outra está começando. Sem eles tudo fica meio nebuloso. Eu as vezes acho que a razão de até hoje me achar mais um menino do que um homem foi porque ninguém me deu apenas uma lança, me jogou sozinho na floresta e disse "se você sobreviver por cinco dias, é um adulto". Qual é o evento da vida moderna que nos diz claramente que somos homens? Nenhum. Por isso hoje somos meninos de mais de 20 anos jogando video-game e morando com a mãe.
Talvez aí esteja a explicação para o amadurecimento precoce das mulheres. Elas ainda têm um ritual: o baile de debutante. É um rito meio vazio e sem significado, mas é alguma coisa. Ainda é um "estou sendo apresentada a sociedade. Sou uma mulher".
Eu gosto de ritos, gosto de rituais, gosto do aspecto simbólico deles. Festas de casamento, despedidas de solteiro, velório, réveillon, missa de sétimo dia para os católicos. Todos esses pequenos momentos da vida em que esquecemos o dia a dia e nos dedicamos a simbolicamente celebrar ou sofrer para encerrar uma fase e iniciar outra.
sábado, janeiro 06, 2007
Tipos de gente - 2
Hoje vou falar sobre um tipo de pessoa muito irritante. É aquela pessoa que..
- Sempre sabe sobre tudo que você vai falar!
Ahn... Err.. É, ela é muito chata porque no meio da sua frase...
- Ela te interrompe e não só termina o que você ia falar como adiciona informações para mostrar como ela entende sobre aquele assunto.
É, ela faz isso. Pra esse tipo de gente não basta ter conhecimento. Ela precisa que você saiba disso. Aliás, mais! Ela precisa que você perceba que ela sabe muito mais sobre isso do que você. Se você mencionar que gosta das pinturas de Picasso...
- Ela vai logo dizendo que Picasso foi mesmo um grande pintor. Aí vai acrescentar com informações como "mas eu pessoalmente tenho muito apreço pela fase azul. Que por sinal, começou após a morte de um amigo dele..."
É... Tem coisa mais irritante?! Eu sei que você sabe tudo sobre Picasso. Não precisa me falar. Se estivéssemos conversando sobre Picasso, tudo bem. Mas, não! Eu apenas disse que gosto das pinturas dele!
- Pessoas muito chatas!
Ô! Ahh.. Sim, esse "tipo de gente" foi sugerido pelo Ygor.
- Ygor Helbourn... formado em jornalismo e publicidade. Toca bateria em algumas bandas, como Regra Zero e Gioconda. Sabia que ele também tem um blog? É... O nome é Pitacando.
Ahn... Acho que deu pra vocês entenderem.
- Sempre sabe sobre tudo que você vai falar!
Ahn... Err.. É, ela é muito chata porque no meio da sua frase...
- Ela te interrompe e não só termina o que você ia falar como adiciona informações para mostrar como ela entende sobre aquele assunto.
É, ela faz isso. Pra esse tipo de gente não basta ter conhecimento. Ela precisa que você saiba disso. Aliás, mais! Ela precisa que você perceba que ela sabe muito mais sobre isso do que você. Se você mencionar que gosta das pinturas de Picasso...
- Ela vai logo dizendo que Picasso foi mesmo um grande pintor. Aí vai acrescentar com informações como "mas eu pessoalmente tenho muito apreço pela fase azul. Que por sinal, começou após a morte de um amigo dele..."
É... Tem coisa mais irritante?! Eu sei que você sabe tudo sobre Picasso. Não precisa me falar. Se estivéssemos conversando sobre Picasso, tudo bem. Mas, não! Eu apenas disse que gosto das pinturas dele!
- Pessoas muito chatas!
Ô! Ahh.. Sim, esse "tipo de gente" foi sugerido pelo Ygor.
- Ygor Helbourn... formado em jornalismo e publicidade. Toca bateria em algumas bandas, como Regra Zero e Gioconda. Sabia que ele também tem um blog? É... O nome é Pitacando.
Ahn... Acho que deu pra vocês entenderem.
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Ano Novo
Vários anos atrás, vários quilômetros de distância, existia uma tribo. Na verdade, existiam várias tribos. Mas só vamos falar de uma.
Como todas as tribos daquela região, os homens caçavam e pescavam e as mulheres cozinhavam, cuidavam das crianças, das casas e de quase tudo mais. Para chamar atenção do sexo oposto, os homens faziam marcas no corpo com lâminas e as mulheres usavam adereços nas orelhas e supercílios. Como todas as tribos, guerreavam, matavam os membros das tribos rivais. Os vencedores levavam tudo. Terra, mulheres, animais e até as batatas.
Como todas as tribos, passavam seus conhecimentos, tradições e rituais para os jovens através de histórias.
Perto do fim do ano, as avós contavam para as meninas mais jovens da família a história de como os anos surgiram. Elas, diziam que muitos e muitos séculos atrás, numa época em que os seres humanos tinham dois sexos, quatro braços e pernas e não sabiam o que era a perda nem o amor, os anos não existiam. Nessa época os animais eram amigos dos homens e existiam vários deuses e monstros. Inclusive um que devorava mundos.
O tempo apenas seguia adiante. Tinha verão, outono, inverno, primavera e várias outras estações que não existem mais. O que não se sabia é que quanto mais os dias passavam, mais perto o mundo ficava da boca do devorador de mundos. Os homens e os animais não sabiam o que fazer. Criaram jangadas pra irem até o fim do mundo tentar matar o devorador de mundos, mas as flechas e zarabatanas não o alcançavam. Fizeram uma assembléia e finalmente tiveram uma boa idéia.
Pediram ao condor que pedisse ajuda ao deus-que-movimenta-as-coisas. Esse deus era o responsável por movimentar os rios, os ventos, o sangue. Ele se sensibilizou com aquelas criaturinhas daquele planetinha tão insignificante e bonitinho e os ajudou. Pegou os dias e o colocou num círculo. Assim, sempre que o devorador estivesse prestes a abocanhar o planetinha azul, os dias recomeçariam e ele ficaria distante novamente. Assim surgiram os anos. E é por isso que deveriam celebrar e agradecer ao deus-que-movimenta-as-coisas.
Essa era a história que era contada para as meninas. A dos meninos era totalmente diferente, envolvia batalhas e mortes heróicas. Mas essa era história deles, não nos interessa.
Feliz 2007 para todos vocês! Que não sejamos devorados e possamos contar sempre com a bondade do deus-que-movimenta-as-coisas!
Como todas as tribos daquela região, os homens caçavam e pescavam e as mulheres cozinhavam, cuidavam das crianças, das casas e de quase tudo mais. Para chamar atenção do sexo oposto, os homens faziam marcas no corpo com lâminas e as mulheres usavam adereços nas orelhas e supercílios. Como todas as tribos, guerreavam, matavam os membros das tribos rivais. Os vencedores levavam tudo. Terra, mulheres, animais e até as batatas.
Como todas as tribos, passavam seus conhecimentos, tradições e rituais para os jovens através de histórias.
Perto do fim do ano, as avós contavam para as meninas mais jovens da família a história de como os anos surgiram. Elas, diziam que muitos e muitos séculos atrás, numa época em que os seres humanos tinham dois sexos, quatro braços e pernas e não sabiam o que era a perda nem o amor, os anos não existiam. Nessa época os animais eram amigos dos homens e existiam vários deuses e monstros. Inclusive um que devorava mundos.
O tempo apenas seguia adiante. Tinha verão, outono, inverno, primavera e várias outras estações que não existem mais. O que não se sabia é que quanto mais os dias passavam, mais perto o mundo ficava da boca do devorador de mundos. Os homens e os animais não sabiam o que fazer. Criaram jangadas pra irem até o fim do mundo tentar matar o devorador de mundos, mas as flechas e zarabatanas não o alcançavam. Fizeram uma assembléia e finalmente tiveram uma boa idéia.
Pediram ao condor que pedisse ajuda ao deus-que-movimenta-as-coisas. Esse deus era o responsável por movimentar os rios, os ventos, o sangue. Ele se sensibilizou com aquelas criaturinhas daquele planetinha tão insignificante e bonitinho e os ajudou. Pegou os dias e o colocou num círculo. Assim, sempre que o devorador estivesse prestes a abocanhar o planetinha azul, os dias recomeçariam e ele ficaria distante novamente. Assim surgiram os anos. E é por isso que deveriam celebrar e agradecer ao deus-que-movimenta-as-coisas.
Essa era a história que era contada para as meninas. A dos meninos era totalmente diferente, envolvia batalhas e mortes heróicas. Mas essa era história deles, não nos interessa.
Feliz 2007 para todos vocês! Que não sejamos devorados e possamos contar sempre com a bondade do deus-que-movimenta-as-coisas!
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