Eu sou ritualista e metódico. Nunca pensei ser uma das duas coisas, mas sou.
Por isso eu vivo me explicando. Adoro me explicar. Passo horas e horas dando explicações. Acabo explicando pequenos trechos das explicações mesmo a pessoa não pedindo. Sou detestável. Mas faço isso porque preciso do desfecho. Preciso do "sim" ou do "não". Preciso da certeza que a pessoa entendeu tudo o que eu quis falar e eu preciso da certeza de que sim, ela entendeu. E que sim está tudo bem. Isso faz com que eu pareça um grande inseguro. O que eu não sou. Tudo bem, um pouco.
Ok, o que isso tem a ver com ritualismo?! Bem, pra mim o "então está tudo bem mesmo, né?! Você me entendeu?!" É um ritual. É um ritual de encerramento. Essa é a vantagem. No momento em que o último "tudo bem" foi dito, tudo se encerra. Eu não guardo mágoa, rancor, não guardo nada. Tudo se encerra no fim do ritual. No outro dia estou novo. Esse é meu método.
Isso me faz pensar no quanto eu acho que os ritos de passagem fazem falta para a humanidade. Fazem falta ao menos pra mim. Eles são símbolos que uma parte de sua vida se encerrou e outra está começando. Sem eles tudo fica meio nebuloso. Eu as vezes acho que a razão de até hoje me achar mais um menino do que um homem foi porque ninguém me deu apenas uma lança, me jogou sozinho na floresta e disse "se você sobreviver por cinco dias, é um adulto". Qual é o evento da vida moderna que nos diz claramente que somos homens? Nenhum. Por isso hoje somos meninos de mais de 20 anos jogando video-game e morando com a mãe.
Talvez aí esteja a explicação para o amadurecimento precoce das mulheres. Elas ainda têm um ritual: o baile de debutante. É um rito meio vazio e sem significado, mas é alguma coisa. Ainda é um "estou sendo apresentada a sociedade. Sou uma mulher".
Eu gosto de ritos, gosto de rituais, gosto do aspecto simbólico deles. Festas de casamento, despedidas de solteiro, velório, réveillon, missa de sétimo dia para os católicos. Todos esses pequenos momentos da vida em que esquecemos o dia a dia e nos dedicamos a simbolicamente celebrar ou sofrer para encerrar uma fase e iniciar outra.
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